Pesquisadora de Londres explica processos para que uma vacina seja segura


Médica imunologista e pesquisadora da University College London, explicou que não houve tempo hábil para a Russia testar a eficácia da vacina; Governo do Paraná deve assinar acordo sobre produção da Sputnik, nesta quarta-feira (12). Pesquisadora explica os processos para que uma vacina seja segura
A médica imunologista e pesquisadora da University College London, Arine Cruz, explicou que ainda não houve tempo hábil para comprovar a eficácia da vacina da Russia contra o coronavírus.
“Eles começaram o teste da fase 3, que é a fase que realmente vai ver se a vacina funciona ou não, uma semana atrás. É praticamente impossível que eles tenham qualquer resultado, qualquer certeza, se essa vacina funciona ou não.”
O governo do Paraná deve assinar, nesta quarta-feira (12), um acordo com a Rússia para produção e distribuição da vacina contra o novo coronavírus Sputnik V. A cerimônia para a celebração do convênio está prevista para ocorrer às 14h.
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De acordo com a médica, ainda se sabe pouco sobre a Sputnik V e essa é a grande preocupação sobre a vacina.
O que se sabe até o momento, é de que é uma vacina que usa uma tecnologia similar a outras que estão sendo testadas, como a vacina de Oxford, que utiliza vetores virais.
A vacina russa é questionada pela comunidade internacional porque ainda se sabe pouco sobre sua eficácia. O site oficial sobre a pesquisa afirma que, em 1° de agosto, os testes das fases 1 e 2 foram concluídos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam realizadas três etapas de testes.
Médica pesquisadora explica que não houve tempo hábil para testar eficácia da vacina Russa
RPC Curitiba/Reprodução
Como funcionam os testes?
De acordo com Ariane, a vacina russa está na fase 3 dos testes. Nesse período, os pesquisadores selecionam um grupo de voluntários, entre 30 mil a 50 mil pessoas, para receber a vacina, e outro grupo de pessoas que não receberão a vacina.
Após essa seleção, os estudiosos acompanham esse grupo por um período de tempo, até que eles sejam expostos ao vírus.
“Esse processo leva bastante tempo. Existem maneiras de acelerar um pouco, por exemplo, se você seleciona o seu grupo com trabalhadores da linha de frente, da área de saúde, que estão mais expostos ao vírus, então, talvez, isso possa acelerar. Mas, certamente, você não consegue isso em uma semana”, explicou.
Conforme a médica, não é possível que os voluntários testados pela Russia apresentem os sintomas do vírus no período de sete dias.
“É pouco provável que a Russia tenha algum resultado em uma semana. Simplesmente não dá tempo das pessoas se infectarem e, principalmente, se for usar o número correto de participantes.”
Divulgação das pesquisas
Pesquisas sobre vacinas costumam ser publicadas em jornais científicos ou em comunicados direcionados à imprensa, segundo a médica. Entretanto, isso não ocorreu no caso da vacina Sputnik V.
Nessas divulgações, os pesquisadores apresentam dados, protocolos que seguiram durante o desenvolvimento científico, número de participantes testados, como foi planejado o estudo, quais foram os efeitos da vacina, entre outros dados disponibilizados para a comunidade científica.
Esta reportagem está em atualização.
A foto, do dia 6 de agosto, mostra a vacina desenvolvida na Rússia contra a Covid-19, a primeira a ser registrada em todo o mundo contra a doença.
Handout / Russian Direct Investment Fund / AFP
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By Fred Souza

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