Especialistas pesquisam alternativas para combater pragas que ameaçam lavouras e pastos paranaenses


População de javalis cresce sem controle e ameaça à saúde, as lavouras e o meio ambiente; as formigas, mesmo pequenas, também acabam com pastagens na região noroeste do estado. Especialistas pesquisam alternativas para combater as pragas nos campos do Paraná
O Caminhos do Campo deste domingo (13) fala sobre as pragas que ameaçam as lavouras e os pastos paranaenses. Especialistas pesquisam alternativas para combater esses “inimigos” que têm preocupado os agricultores.
A população de javalis, animais que já foram a aposta de criadores no passado, cresce sem controle pelo estado e ameaça à saúde, as lavouras e até o meio ambiente.
Leonardo César Bianchessi, agricultor que mora em Itambé, no norte do Paraná, estima um prejuízo de até duas sacas por hectares em sua lavoura por causa de estragos provocados pelos javalis.
O javali é um animal exótico e não pertence à fauna brasileira. Ele foi trazido da Europa para o Brasil para a produção de carne.
Porém, alguns animais escaparam do cativeiro e passaram a cruzar com os porcos domésticos. Isso deu origem a um animal híbrido, o “javaporco”, que é bem maior e se procria rapidamente.
O resultado foi um descontrole ambiental que virou uma ameaça para a agricultura e o meio ambiente. Eles comem praticamente de tudo e gostam de lugares onde tenha água e lama.
“Javaporco” é bem maior que javalis e se procria rapidamente
Reprodução/RPC
Estragos
Fotos aéreas tiradas há quatro anos mostram os estragos provocados pelos javalis em uma propriedade em Tibagi, na região dos Campos Gerais do estado.
“Ele vai desde o início, da semeadura do milho, da cultura, até a colheita fazendo o dano, diminuindo a produtividade, a lucratividade e deixando prejuízo para a lavoura”, explicou Guilherme Frederico de Geus, produtor rural.
Geus garante também que o animal foi uma ameaça à fauna nativa da região.
“Ele ataca animais silvestres. Então, ao longo desses anos a gente viu que o javali diminuiu muito animais como o veado, o cateto, queixada, tatu. Então, além do dano econômico que essa praga traz aqui para região, ela trouxe o dano ambiental”, comentou.
Fotos aéreas tiradas há quatro anos mostram os estragos provocados pelos javalis em uma propriedade em Tibagi
Reprodução/RPC
Transmissão de doenças
Outra preocupação é com a transmissão de doenças para as criações.
“A preocupação é muito grande com a peste suína. A peste africana, que esse animal por ser rústico, por ter uma natureza que traga essas doenças, poderia, adentrar nossas granjas e nós termos prejuízos muito grandes com a suinocultura”, afirmou o produtor.
No Brasil, a onça é o único predador natural capaz de matar o javali. Por isso, desde 2013, a espécie é a única que tem a caça autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Geus disse que, há dois anos, o manejo começou a ser feito na propriedade.
“Consequentemente eles se afastaram aqui da nossa região do Guartelá. E isso trouxe benefícios para nós, pois diminuiu muito o impacto financeiro, prejuízos às lavouras. Tinha regiões que chegavam a perder até 8% da produtividade de milho por causa de dano dos javalis”.
População de javalis cresce sem controle e ameaça à saúde, as lavouras e o meio ambiente
Reprodução/RPC
Caça
Leonardo Bianchessi faz parte de um grupo de manejo. A estimativa é que no Brasil tenha cerca de 30 mil caçadores regulamentados.
De acordo com números do Sistema Integrado de Manejo de Fauna (SIMAF), nos cinco primeiros meses deste ano, 26 mil javalis foram abatidos no país.
“A maneira mais fácil de acabar com esses animais, acabar não, porque vai ser difícil erradicar, tentar controlar é com o manejo, caçando”, comentou.
O javali é o único animal que tem a caça permitida no Brasil. Para orientar os produtores a como fazer isso com segurança, a Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) lançou uma cartilha. O conteúdo foi debatido em reuniões setoriais do agronegócio paranaense.
A cartilha diferencia catetos e queixadas, nativos da fauna brasileira, dos javalis e javaporcos, resultado da cruza do animal selvagem com o suíno doméstico.
A médica veterinária e técnica da Faep, Nicole Wilseck, coordenou a publicação, que teve apoio do Ministério da Agricultura, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Instituto Água e Terra (IAT) e entidades ligadas à criadores e cooperativas.
Ela explica que a espécie se reproduz rapidamente, não tem predadores naturais no Brasil e pode ser identificada pelos rastros que deixa ou por características físicas.
O javali é avistado em todas as regiões do Paraná e, por onde passa, deixa prejuízos. Grupos de animais são capazes de destruir até 80% de lavouras de grãos, atacar animais e prejudicar nascentes de água.
Para os agricultores, o controle populacional através da caça é a forma mais eficiente para diminuir os problemas mas, existem regras para a caçada. Os caçadores precisam estar cadastrados junto ao Ibama e é necessário registro no Sistema de Manejo de Fauna, também ligado ao órgão.
Nicole ainda alerta sobre a questão sanitária. O consumo da carne de caça não é recomendável porque os javalis podem ser portadores de doenças infecciosas para seres humanos e para rebanhos de suínos, como a peste suína africana.
Bloco 2: 8846632
O segundo bloco do programa fala sobre formigueiros. Alguns chegam a atingir 200 metros quadrados e até oito metros de profundidade. Uma colônia pode ter mais de 8 bilhões de formigas vivendo em função da rainha.
“Tem a ceifadora que leva alimento. Tem a soldado que defende. Tem as jardineiras, dentro do formigueiro ela vai colocar o alimento ali”, explica o professor de Agronomia, Júlio César Colela.
É comum ver as formigas carregando folhas, restos mortais de animais ou até mesmo pedaços de comida. Porém, elas não se alimentam disso.
Na verdade, as formigas são fungíveras, ou seja, se alimentam de fungos. Elas levam esses materiais para alimentar o fungo que elas criam dentro do formigueiro. É assim que elas sustentam a rainha e o restante da população.
Um formigueiro pode durar até 20 anos. Uma vez ao ano, acontece a revoada. Depois do acasalamento, os machos morrem e as rainhas partem para formar um novo formigueiro.
No Paraná, a formiga mais comum é a saúva, conhecida também como cortadeira
Reprodução/RPC
No mundo, são mais de 6 mil espécies, 40% brasileiras. No Paraná, a mais comum é a saúva, conhecida também como cortadeira. Ela é a que dá mais prejuízo no campo. No norte do estado é onde essa espécie gosta de se instalar, por causa do solo arenoso, fácil de escavar.
“A formiga causa um prejuízo grande, principalmente para pastagem. Hoje um formigueiro adulto consome em torno de uma tonelada de folhas por ano, corresponde ao ataque de 86 árvores adultas de eucalipto”, diz Carlito Yoshioka, agrônomo da Adapar.
O agricultor Daniel Fernando cria gado leiteiro e vive um combate constante com as formigas, que atacam principalmente o pasto da propriedade. Para reduzir a infestação, ele usa uma mistura caseira.
“É um veneno que compramos pronto com a polpa de laranja, que elas gostam e acabam sendo atraídas”, comenta Daniel.
O controle das formigas é obrigatório no Paraná
Reprodução/RPC
O controle das formigas é obrigatório no estado. A Adapar é responsável por fiscalizar e autuar quem não cumpre a lei.
No mercado, existem soluções para o problema, mas todas agrotóxicas. Por isso, engenheiros agrônomos estudam uma composição natural, retirada da mandioca. Assista ao vídeo mais acima.
Especialistas pesquisam alternativas para combater pragas que ameaçam lavouras e pastos paranaenses
Reprodução/RPC
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By Fred Souza

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