Volkswagen faz acordo com MPF para reparar violações dos direitos humanos durante a ditadura


Montadora fará doações para iniciativas que preservam memória e para ex-funcionários que afirmaram ter sofrido violações de seus diretos. Relatório de 2017 apontou que 6 trabalhadores foram presos e, pelo menos 1, torturado na fábrica no ABC paulista. Fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP)
Divulgação
A Volkswagen anunciou nesta quarta-feira (23) um acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo para reparar sua conduta durante a ditadura no Brasil.
“Com este acordo, a Volkswagen quer promover o esclarecimento da verdade sobre as violações dos direitos humanos naquela época”, comunicou a montadora alemã, que diz ser “a primeira empresa estrangeira a enfrentar seu passado de forma transparente” durante a ditadura.
Um relatório de 2017, feito por um historiador alemão a pedido da companhia, apontou que a Volkswagen foi ‘foi leal’ ao governo militar e que 6 trabalhadores foram presos e, pelo menos 1, torturado na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
O acordo
No Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a Volkswagen se compromete a doar R$ 36 milhões para iniciativas ligadas à defesa de direitos humanos, investigação de crimes da época e à memória histórica.
Parte desse montante (R$ 16,8 milhões) irá para a associação de trabalhadores da empresa, visando, principalmente, “ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil – ou seus sucessores legais – que manifestaram terem sofrido violações de direitos humanos durante a ditadura”.
“Lamentamos as violações que ocorreram no passado. Estamos cientes de que é responsabilidade conjunta de todos os atores econômicos e da sociedade respeitar os direitos humanos e promover sua observância”, disse Hiltrud Werner, membro do Conselho de Administração do grupo Volkswagen.
“Para a Volkswagen AG, é importante lidar com responsabilidade com esse capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência.”
Pelo acordo, a Volkswagen do Brasil se comprometeu a pagar R$ 9 milhões aos Fundos Federal e Estadual de Defesa e Reparação de Direitos Difusos (FDD).
Além disso, a empresa decidiu doar R$ 10,5 milhões para projetos de promoção da memória e da verdade em relação às violações de direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) receberá R$ 4,5 milhões. Desse total, R$ 2,5 milhões serão destinados para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) para apoiar a identificação das vítimas que estão enterradas em valas comuns.
Os outros R$ 2 milhões serão para novas pesquisas para apurar a cumplicidade de empresas em violações de direitos humanos durante o governo militar.
O Memorial da Luta pela Justiça, iniciativa promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e pelo Centro de Preservação da Memória Política (NPMP), receberá R$ 6 milhões. Ele está sendo implantado na antiga sede da Auditoria Militar de São Paulo.

By Fred Souza

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