Reservatórios do século passado, na Serra do Mar, são reativados para abastecer as represas de Curitiba


Paraná está em emergência hídrica desde maio. Reservatórios na Serra do Mar são reativados pra abastecer as represas da capital
Os reservatórios do século passado, na Serra do Mar, foram reativados para abastecer as represas de Curitiba. Desde maio, o Paraná está em situação de emergência hídrica devido à severa estiagem que vem enfrentando.
Estiagem no Paraná compromete sistema de abastecimento de água; FOTOS
A maior parte da água que usamos na Região de Curitiba vem da Serra do Mar. Na Mata Atlântica, a água brota pura e, para levá-la até a cidade, foram construídos reservatórios – inaugurados em 1908.
Essa estrutura centenária abastecia a capital paranaense no começo do século XX. O sistema deixou de operar na década de 1950.
Alguns dos 17 reservatórios seguiam mandando água serra abaixo pelo curso dos rios que, naturalmente, desaguam na barragem Piraquara I. Mas, parte fica no lado leste da serra e manda água para o litoral do estado.
Como a demanda no litoral não tem sido tão grande neste momento, os engenheiros refizeram ligações nos últimos dias para canalizar água para o lado da capital paranaense. Muitas dessas ligações estavam fechadas desde 2004.
Reservatórios na Serra do Mar são reativados pra abastecer as represas de Curitiba
Reprodução/RPC
A estrutura é muito antiga, e a tecnologia é milenar: dos aquedutos romanos. Essa tecnologia é simples. A água vai se acumulando em reservatórios e, por tubulações que estão ali há mais de 100 anos, vai seguindo de um reservatório para outro.
Esses fluxos de água vão se juntando até chegarem a uma das barragens que abastecem a Região de Curitiba.
São 40 litros por segundo. Essa quantidade é equivalente ao volume que daria para abastecer 25 mil pessoas.
Não parece muito porque o sistema Piraquara I e II produz cerca de três mil litros por segundo para atender 1,5 milhão de pessoas. Mas, em plena estiagem, toda ajuda é bem-vinda, e reativar o sistema que já existia não exigiu muito investimento.
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) está correndo atrás de outras fontes de água. Na Serra do Mar, investiu cerca de R$ 2 milhões para fazer a transposição de um rio. Esse riozinho, escondido em São José dos Pinhais, é o Rio Pequeno.
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A Sanepar não faz a captação de água dele, mas o Rio Pequeno não passa muito longe do Miringuava, que abastece 600 mil pessoas.
Então, a saída foi construir um tipo de ralo no Rio Pequeno. Dali, sai água que é bombeada e vai para uma tubulação.
O encanamento que acabou de ser instalado percorre dois quilômetros por baixo da terra. Ele jorra 130 litros de água por segundo. Essa água é despejada em uma rampa que vai até uma lagoa de um afluente do Miringuava.
A transposição deixa com mais vazão o rio de onde a água é retirada tratamento. Para analisar da onde tirar água para colocar na rede de captação, a Sanepar avalia o volume e a distância das estações de tratamento.
“São vários critérios para poder utilizar, como a qualidade dessa água. São vários critérios com vários técnicos de várias áreas fazendo essa análise”, afirmou Claudio Stabile, diretor-presidente da Sanepar.
Paraná vive emergência hídrica desde maio
Reprodução/RPC
Uma das soluções estava bem perto da Represa do Passaúna, que abastece 750 mil pessoas e está com praticamente um terço da capacidade normal. Uma pedreira cheia de água cristalina fica a 150 metros de um rio que desagua no Passaúna.
A operação que começou a ser realizada no início de julho é para bombear a água da pedreira e mandar por uma tubulação até uma caixa que desagua em um afluente.
São 150 litros por segundo,e a previsão é de que a água dali dure quatro meses. O volume representa 8% do total que resta na barragem do Passaúna.
A Sanepar diminuiu também o volume retirado da captação. Com o rodízio de abastecimento em Curitiba, a economia de água em todo o estado foi de 4%. Porém, isso não é suficiente, e novas soluções estão sendo buscadas.
“À medida que não ocorre aquilo que estava previsto, tem que ter uma ação imediata até que nós tenhamos realmente a precipitação necessária para que tenhamos nossos reservatórios novamente à sua capacidade máxima”, explicou Stabile.
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By Fred Souza

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