Pedido para incluir apuração do Facebook em análise de cassação de chapa é ‘inconformismo’, diz defesa de Mourão

Apuração da empresa levou à derrubada de páginas ligadas a bolsonaristas na rede social. TSE analisa ações que contestam a chapa Bolsonaro-Mourão nas eleições de 2018. A defesa do vice-presidente Hamilton Mourão pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que rejeite o pedido para incluir, em duas ações sobre a cassação da chapa com Jair Bolsonaro, investigações da rede social Facebook que levaram à derrubada de páginas ligadas a apoiadores do governo.
Segundo os advogados, a ofensiva representa “inconformismo” com o resultado das eleições de 2018 e tem o objetivo de ” perseguir e desgastar politicamente os investigados”.
A coligação “O Povo Feliz de Novo”, que teve Fernando Haddad (PT) como candidato, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) compartilhe esse material com o TSE, junto com eventuais provas dos inquéritos que apuram disseminação de fake news e financiamento de atos antidemocráticos.
O PDT e o Avante, que não integravam essa coligação, acusam a campanha de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão no TSE por suposto abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.
Exclusivo: detalhes inéditos da investigação do Facebook que derrubou perfis bolsonaristas
A ação se baseia em reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, de outubro de 2019, que apontou empresas contratadas por apoiadores de Bolsonaro para fazer disparos em massa de mensagens contra o PT.
Ao pedir essa inclusão, os oposicionistas citaram reportagem exibida pelo Fantástico no último dia 2 com detalhes inéditos da investigação feita pelo próprio Facebook (veja vídeo acima). O pedido será analisado pelo ministro Og Fernandes, que é corregedor e relator dos processos.
Para a defesa de Mourão, a intenção dos partidos de oposição quer desgastar politicamente os investigados e não há conexão entre os fatos apontados pelo Facebook e as ações no TSE. “Fica evidente que a coligação autora altera a sua causa de pedir, utilizando-se de ação judicial para manifestar seu inconformismo com o resultado das eleições de 2018 e perseguir e desgastar politicamente os investigados”.
A apuração do Facebook
Relator dos dois inquéritos no STF e integrante do TSE, o ministro Alexandre de Moraes já autorizou que a Polícia Federal acesse as apurações do Facebook. A análise vai abastecer as duas frentes de investigação que já atingiram políticos, empresários e blogueiros bolsonaristas.
A ação do Facebook ocorreu em 8 de julho, quando a plataforma determinou a remoção de 35 contas, 14 páginas e um grupo no Facebook, e 38 contas no Instagram – rede que pertence à mesma empresa – pelo que é chamado de “comportamento inautêntico coordenado”.
Segundo a plataforma, o esquema reunia dezenas de perfis que escondiam a verdadeira identidade dos criadores. Essas contas acumulavam cerca de 2 milhões de seguidores no Facebook e no Instagram
Entre as páginas investigadas pelo Facebook e que deverão ter dados compartilhados com a PF, está o perfil “Bolsonaro News.” O e-mail usado para registrar o perfil era de Tercio Tomaz, ex-assessor do vereador do Rio e filho do presidente da República Carlos Bolsonaro.
Hoje, Tercio Tomaz é assessor especial do presidente Jair Bolsonaro com gabinete no Palácio do Planalto, salário de quase R$ 14 mil por mês e apartamento funcional.
Publicações da página de Tercio atacam adversários políticos de Bolsonaro, como o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e até ex-ministros do governo, como Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro.
A investigação também identificou pessoas ligadas aos gabinetes de dois filhos do presidente: o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro.

By Fred Souza

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