Para não ‘furar’ teto de gastos, Maia diz que Câmara não pautará prorrogação de calamidade

Presidente da Câmara fez afirmação depois de se reunir com ministro da Economia, Paulo Guedes. Para o ministro, Bolsonaro se aproximará do impeachment se admitir ‘furar’ teto de gastos. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira (11) que não vai pautar a votação de nenhuma proposta que preveja a prorrogação do estado de calamidade motivado pela crise do novo coronavírus — uma eventual prorrogação permitiria ao governo continuar fazendo despesas acima do que é previsto no orçamento.
Rodrigo Maia fez a afirmação em uma rede social depois de uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Após o encontro, Guedes afirmou que, se o presidente Jair Bolsonaro permitir o descumprimento da regra do teto de gastos (regra que limita o crescimento dos gastos da União), ele vai se aproximar de um processo de impeachment.
“Hoje, tivemos uma conversa franca com o ministro Paulo Guedes, e há consenso de que não haverá jeitinho nem esperteza para desrespeitar o teto de gastos. A Câmara não vai pautar nenhuma prorrogação do estado de calamidade”, escreveu Rodrigo Maia em uma rede social.
‘Câmara não vai pautar prorrogação de estado de calamidade’, escreve Rodrigo Maia
Em entrevista após a reunião com Maia, Paulo Guedes afirmou que auxiliares estão aconselhando Bolsonaro a “furar” o teto de gastos, como forma de se fortalecer para a disputa da reeleição em 2022.
“Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal. O presidente sabe disso, o presidente tem nos apoiado”, disse o ministro.
Guedes afirma que incentivo para furar teto de gastos leva Bolsonaro à zona de impeachment
Rodrigo Maia concordou com o ministro ao defender a preservação da regra do teto de gastos.
“Se nós queremos espaço para investimento, para ampliar recursos, investimentos para a sociedade, não podemos olhar o endividamento público como solução, furar o teto dos gastos como solução. Na conversa, deixamos isso claro para o ministro. Nossa posição, nós entendemos que a calamidade acaba no final do ano, que a PEC da Guerra [medida que permitiu gastos extraordinários em razão da crise do coronavírus] acaba no final do ano”, declarou o presidente da Câmara.
Para Rodrigo Maia, o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 não deve ser prorrogado.
“Eu concordo com o governo que não há espaço para prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600. Você explode o teto de gastos de um lado e a economia explode de outro. Nós queremos continuar com a nossa responsabilidade”, disse.

By Fred Souza

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