'Não lembro do carro passando por cima de mim', diz jovem atropelado em Londrina


Luiz Felipe Simões, de 21 anos, ficou internado em hospital por oito dias. Empresário suspeito do acidente é investigado pela Polícia Civil por tentativa de homicídio qualificado. Luiz Felipe, vítima de atropelamento na Gleba Palhano, fala sobre a noite da confusão
Após deixar o hospital onde estava internado, o jovem que foi atropelado no bairro Gleba Palhano, em Londrina, no norte do Paraná, contou o que aconteceu antes do acidente. Luiz Felipe Simões, de 21 anos, disse que só acreditou que o carro do empresário Alexandre Cândido, investigado por tentativa de homicídio qualificado, passou por cima dele depois de ver imagens registradas por moradores da região.
“Não lembro da minha amiga me puxando. Não lembro do carro passando em cima de mim. Eu realmente só acreditei que ele passou por cima de mim quando vi o vídeo, porque no momento que caí, eu desacordei”, relatou.
O atropelamento ocorreu pouco depois da meia-noite do dia 10 de outubro. De acordo com a Polícia Militar (PM), o homem estava brigando com a mulher quando alguns jovens tentaram intervir na discussão.
Conforme a polícia, o homem entrou no carro, que pertence a namorada dele, e arrancou. Ele bateu em veículos que estavam estacionados e depois avançou sobre o grupo de jovens. Um policial que estava de folga atirou para o alto na tentativa de parar o suspeito.
O suspeito do atropelamento se apresentou à polícia no mesmo dia, prestou depoimento e foi liberado.
Em entrevista à RPC, o investigado negou que estava brigando com a namorada antes da confusão .
O homem contou que, ao fazer uma manobra, achou que tivesse passado por um buraco ou algo que estava na rua, afirmou que não viu que o rapaz estava na rua. Acrescentou que só conseguiu fazer com a namorada entrasse no carro depois de dar uma volta no quarteirão.
Jovem foi atropelado na Gleba Palhano, em Londrina
Arquivo pessoal
Vítima do atropelamento
A vítima contou que estava passando com uns amigos em uma rotatória da Avenida Ayrton Senna quando viram o casal discutindo.
“A moça estava chorando e pedindo ajuda. Nisso daí a gente decidiu voltar e, na hora que a gente parou, o cara estava com a bolsa dela. Ele acelerava a moto em cima dela, de vez em quando. Nisso daí a gente pediu para ele devolver os pertences dela e ele se evadiu do local”, contou.
Segundo ele, como a mulher ficou sozinha, o grupo ofereceu carona para ela até o apartamento do namorado e, quando chegaram em frente ao prédio, a situação piorou e a confusão tomou proporções maiores.
“Os pertences estavam na casa do namorado dela. Ela levou a gente até lá. Chegamos no prédio e ele estava com os pertences dela do lado de fora já. A gente tentou conversar com ele pedindo para entregar os pertences dela, porque ela pedia e ele negava. Ele pedia para ela entrar no carro. Como ele estava um pouco alterado, a gente não deixava ela entrar no carro. E ela também não queria entrar”, disse.
Depois disso, ocorreu o atropelamento.
“Ele jogou o carro contra o nosso. Como os meus dois amigos foram do lado do motorista, para distrair ele, tentei entrar pela porta do passageiro para tirar a chave da ignição, para o carro desligar. Ele conseguiu bater a ré. Tentei me segurar, no acho que chama “puxa-saco” e na porta, só que não deu tempo. Nisso eu caí e desacordei. Quando acordei já estava na grama . Não lembro da minha amiga me puxando”, detalhou.
A amiga de Luis Felipe, que pediu para não ser identificada, afirmou que ela e os amigos estavam no local para ajudar.
“A namorada do cara estava mostrando muito desespero, ela queria ajuda. A gente queria ajudar uma pessoa que, naquele momento, queria ser ajudada, entendeu? Ele falou que a gente pensava que era um assalto, que ele estava assaltando ela. Não, a gente viu ele indo com a moto para cima dela. Ele estava puxando ela. A gente viu que estava tendo uma briga ali. Não era um assalto”, afirmou.
A testemunha conta que mesmo arrastando o amigo, que tinha acabado de ser atropelado, para um local seguro, ainda assim o grupo ficou com medo.
“Comecei a arrastar ele [vítima do atropelamento], a puxar para não acontecer o pior, né? E o cara veio e tacou o carro de novo em cima da gente. Ele voltou várias vezes e foi jogando o carro em cima da gente”, concluiu.
O advogado do empresário Alexandre Cândido afirmou que a inocência do cliente ficará comprovada ao longo da investigação.
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By Fred Souza

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