Ex-secretário do Paraná, esposa dele e outras duas pessoas são denunciados na Operação Rádio Patrulha


Edson Casagrande e outras três pessoas foram denunciados por lavagem de dinheiro; segundo o MP-PR, eles participaram de um esquema que movimentou ilegalmente quase R$ 15 milhões. Edson Luiz Casagrande, ex-secretário de Assuntos Estratégicos do Paraná
Reprodução/RPC
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou o ex-secretário de Assuntos Estratégicos do governo estadual Edson Luiz Casagrande e mais três pessoas em uma ação da Operação Rádio Patrulha, que investiga fraudes em licitações envolvendo obras em estradas rurais.
Além Casagrande, os sócios Emerson e Robison Savanhago e a esposa do ex-secretário, Angélica Casagrande, foram denunciados, na quarta-feira (23), pelo crime de lavagem de dinheiro.
De acordo com o Ministério Público, os quatro participaram de um esquema que movimentou ilegalmente quase R$ 15 milhões.
A operação investiga pagamento de propina a agentes públicos e políticos, lavagem de dinheiro e fraude em licitações no programa do governo estadual “Patrulha do Campo”, para a recuperação de estradas rurais do estado, entre 2012 e 2014.
Em 2018 o ex governador Beto Richa, ex-secretários de estado e empresários foram presos acusados de participação no esquema apurado pela operação.
Operação Rádio Patrulha, do Gaeco, investiga o programa do governo estadual Patrulha do Campo
Reprodução/RPC
Denúncia
Conforme a denúncia do MP-PR, Edson Casagrande, então secretário de Assuntos Estratégicos, era o verdadeiro dono da Terra Brasil Terraplanagem, uma das empresas que venceu a licitação em 2011 para a conservação de estradas rurais, pelo programa estadual.
Os promotores alegam, no documento, que o ex-secretário sabia que o programa seria lançado pelo Governo do Paraná e, 12 dias depois do despacho do então Governador Beto Richa que autorizou a instauração do procedimento de licitação, ainda na fase interna do certame, fez alterações no contrato social da empresa.
Os promotores alegam que o então secretário determinou aos sócios formais, Emerson e Robison Savanhago, que elevassem o capital social da empresa de R$ 20 mil, para R$ 2,6 milhões, para que ela estivesse formalmente habilitada para participar do certame.
O objetivo, conforme a denúncia, era frustar e fraudar o caráter competitivo da licitação.
A contrapartida da fraude, de acordo com o Ministério Público foi uma promessa e um efetivo repasse dos valores recebidos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) pelas obras aos agentes públicos, entre eles o ex-governador Beto Richa.
Ainda conforme o documento, a empresa foi vencedora de um dos lotes do programa Patrulha do Campo, e recebeu mais de R$ 27,7 milhões.
O que dizem as defesas
A defesa de Edson e de Angélica Cavalcanti disse que a denúncia do MP-PR carece de suporte fático e jurídico. “Todas atividades empresariais de Edson Casagrande são lícitas e jamais se confundiram com a função pública por ele exercida, conforme documentalmente comprovado”, informou.
Os advogados afirmam que houve falta de imparcialidade do Ministério Público, e alegam que, com as investigações da operação, houve “devassa na vida privada, sem qualquer justificativa para tanto”.
A defesa aponta que, “além da restrição de direitos fundamentais, houve o envolvimento gratuito de familiares de Casagrande”.
A defesa de Emerson Savanhogo e Robison Savanhogo informou que ainda não foi oficialmente intimada, e que vai provar que os seus clientes são inocentes.
Como o ex-governador Beto Richa não é alvo desta denúncia, a defesa informou que preferiu não se manifestar.
Rádio Patrulha
Essa é a segunda denúncia apresentada pelo ministério público na operação Rádio Patrulha. A primeira, feita em 2018, foi acatada pela Justiça e teve as audiências suspensas ano passado.
O ex-governador Beto Richa é um dos réus no processo, e foi preso, em uma das fases da operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
MP diz que Beto Richa é chefe de organização criminosa que fraudou licitação de R$ 70 milhões no Paraná
As audiências, da primeira ação estão suspensas por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O Ministro Gilmar Mendes acatou um pedido da defesa de Richa, e concedeu uma liminar, que ainda tem validade.
Assista aos vídeos com os destaques do estado, nesta quinta-feira (24)
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By Fred Souza

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