Com temores de 2ª onda de coronavírus, ações europeias registram pior queda em 3 meses

Índice FTSEurofirst 300 caiu 3,11%, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,24%. As ações europeias registraram sua pior queda em três meses nesta segunda-feira (21) devido a temores de uma segunda onda de infecções por Covid-19, o que atingiu ações de viagens e lazer, enquanto os bancos recuaram após reportagens acusarem gigantes bancários de terem permitido lavagem de dinheiro sujo em grande escala.
O índice FTSEurofirst 300 caiu 3,11%, a 1.385 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 3,24%, a 357 pontos, queda que não era vista desde início de junho.
O FTSE 100, de Londres, foi o índice mais afetado na Europa, caindo 3,4% em seu pior dia em mais de três meses.
Pode haver até 50 mil novos casos de coronavírus por dia no Reino Unido até meados de outubro se a pandemia continuar no ritmo atual, alertou o principal assessor científico do país. No domingo, o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, disse que um segundo lockdown nacional seria possível.
“Suspeitamos que as ações cairiam acentuadamente e indiscriminadamente, semelhante ao que aconteceu entre fevereiro e março ou em junho (…) se o aumento de novos casos na Europa minar seriamente a recuperação econômica global”, disse Simona Gambarini, economista de mercados da Capital Economics.
O índice de viagens e lazer da Europa caiu 5,2%, enquanto os bancos europeus despencaram 5,7%, ficando perto de mínimas recordes depois que credores como HSBC e Standard Chartered foram citados em documentos vazados que mostraram transferências de grandes somas de fundos suspeitos nas últimas duas décadas.
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Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 3,38%, a 5.804 pontos.
Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 4,37%, a 12.542 pontos.
Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 3,74%, a 4.792 pontos.
Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 3,75%, a 18.793 pontos.
Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 3,43%, a 6.692 pontos.
Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 2,22%, a 4.158 pontos.
Bancos afundam no mercado financeiro após investigação
Em Hong Kong, a ação do HSBC atingiu o menor nível em 25 anos, fechando em queda de 5,33%, após as revelações de um consórcio de jornalistas que acusam esses gigantes bancários de terem permitido lavagem de dinheiro sujo em grande escala.
Além do fato de que o grupo foi citado pela investigação do consórcio de jornalistas, pode enfrentar sanções de Pequim como parte das medidas retaliatórias contra certos países estrangeiros.
Em Frankfurt, o Deutsche Bank fechou o dia com queda de 8,76%, enquanto o Standard Chartered caiu 5,82% em Londres. Em Amsterdão, o banco ING perdeu 9,27% em Amsterdã. Na Bolsa de Paris, Société Générale perdeu 7,66%.
A onda de choque também foi sentida do outro lado do Atlântico: no meio da sessão em Wall Street, o gigante JPMorgan Chase perdia 4,08%. Por sua vez, o Bank of America caía 3,89%, enquanto Morgan Stanley e Wells Fargo caíam 4,5% e 5%, respectivamente.
Em pesquisa realizada por 108 meios de comunicação internacionais de 88 países, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), denuncia as deficiências na regulamentação do setor.
A investigação é baseada em milhares de “relatórios de atividades suspeitas” (SARs) entregues à polícia financeira do Tesouro dos Estados Unidos, FinCen, por bancos em todo o mundo, mas “mantidos fora da vista do público”, informa a agência France Presse.
De acordo com o ICIJ, quantias astronômicas de dinheiro sujo passaram pelos maiores bancos do mundo durante anos. Esses documentos referem-se a US$ 2 trilhõesem transações, entre 1999 e 2017. Seria dinheiro oriundo de drogas e atos criminosos ou mesmo de fortunas desviadas de países em desenvolvimento.
A investigação aponta em particular para cinco grandes bancos – JPMorgan Chase, HSBC, Standard Chartered, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon – acusados de terem continuado a transitar dinheiro de criminosos, mesmo depois de terem sido processados ou condenados por má conduta financeira.
O HSBC se defendeu respondendo aos repórteres que sempre cumpriu com suas obrigações legais ao relatar atividades suspeitas.
Em comunicado, o Deutsche Bank assegurou que as revelações ram de fato informações “bem conhecidas” por seus reguladores e disse que “dedicou recursos significativos para fortalecer seus controles que está sendo extremamente cuidadoso para cumprir (suas) responsabilidades e (suas) obrigações”.
O ING, por sua vez, afirmou que cessou a sua relação em 2018 com uma das empresas incriminadas por ter colaborado com a sua filial polonesa e que se preparava para o fazer com a segunda.

By Fred Souza

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