Grupo terá 90 dias para elaborar uma sugestão de projeto de lei que defina limites do crime de lavagem e evite decisões judiciais contraditórias. A Câmara dos Deputados instalou nesta quarta-feira (23) uma comissão para debater mudanças na lei de combate à lavagem de dinheiro.
O grupo terá 90 dias para apresentar uma sugestão de projeto de lei a ser analisado no futuro pelos deputados. Esse prazo pode ser prorrogado.
Um dos objetivos é definir os limites do crime de lavagem de dinheiro para evitar decisões contraditórias da Justiça, conforme afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no despacho de criação da comissão.
No documento, Maia citou “a problemática” em relação ao caixa dois eleitoral (doações não declaradas à Justiça), que tem produzido “decisões judiciais conflitantes e traz insegurança ao processo eleitoral”.
O colegiado terá a participação de 43 integrantes, incluindo parlamentares, magistrados, membros do Ministério Público, acadêmicos e especialistas.
Os trabalhos da comissão serão coordenados pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Reynaldo da Fonseca.
Em discurso, o ministro destacou que a relevância da legislação é indiscutível, mas observou que a lei já tem 22 anos e foi revista pela última vez há oito anos.
Segundo Fonseca, o crime de lavagem de dinheiro movimenta cerca de R$ 6 bilhões por ano no Brasil. No mundo, a estimativa é que sejam 1 trilhão de dólares. “Portanto, a nossa responsabilidade é grande”, afirmou.
O ministro explicou que serão criadas 16 comissões temáticas para trabalhar com aspectos específicos, como os crimes antecedentes. A relatoria-geral caberá ao desembargador Ney Bello.