‘A Gota d’Água’: Entenda por que conta dos consumidores não diminui, mesmo com rodízio no abastecimento


Sistema de rodízio foi adotado pela companhia desde março e, em agosto, a população passou a ter interrupção a cada 36 horas em Curitiba e Região Metropolitana. A Gota D’Água: série de reportagens especiais sobre a pior estiagem da história do Paraná
Mesmo com rodízio no abastecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana, provocado pela maior estiagem registrada no Paraná, a conta dos consumidores não diminuiu.
De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), isso ocorre porque quando há o rodízio, as pessoas acabam acumulando a água no dia anterior e também no dia posterior ao término do rodízio.
“Acabam fazendo este armazenamento, e a Sanepar, efetivamente, vai cobrar do usuário o consumo medido no hidrômetro, exatamente aquilo que ele consome”, explicou Sérgio Wippel, diretor de operações da companhia.
Especialistas dão dicas para economizar água nas atividades diárias
A série de reportagens “A Gota d’Água” – uma parceria do G1 com o Boa Noite Paraná – aborda a maior seca registrada na história do estado e as consequências para a população e o meio ambiente.
Série de reportagens sobre a maior seca registrada na história do Paraná
RPC Curitiba
Dificuldade para moradores
O sistema de rodízio foi adotado pela companhia desde março, inicialmente para a região sul de Curitiba e da Região devido à baixa vazão do Rio Miringuava. Em abril, o sistema foi estendido a toda Região Metropolitana.
Em agosto, a Sanepar endureceu ainda mais rodízio reduzindo o intervalo entre a suspensão e a retomada do abastecimento. A população começou a ficar um dia e meio sem água (24 horas sem e 12 horas para recuperação) e um dia e meio com água (36 horas).
“Eu tenho muitos baldes, economizo, e não sei por que a minha conta não muda. Se a água falta, que eu vejo que vai faltar para o banho, eu pego e deixo a louça para amanhã, para quando voltar a água. Às vezes fica a louça de dois dias”, comentou Helena do Rocio.
Tânia Aparecida Martinez também diz que tenta entender como, mesmo fazendo economia, ainda está pagando o mesmo valor pela tarifa de água.
“Eu estou economizando todos os dias e estou pagando o mesmo que eu pagava antes”, afirmou ela.
Com rodízio de água, moradores arranjam alternativas para conseguir fazer as atividades
Reprodução/RPC
QUIZ: Teste e descubra o quanto você gasta de água nas tarefas do dia a dia
Distribuição da água
A Sanepar explica que para chegar água até a casa das 3,6 milhões de pessoas de Curitiba e Região, que enfrentam o rodízio, o caminho é o mesmo.
A água sai de cinco fontes: reservatórios Iraí, Piraquara I e II, Passaúna, Rio Miringuava e Aquífero Karst.
Toda a água é tratada e distribuída para 46 grandes “caixas d’água” espalhadas por Curitiba e Região, com capacidade de até 28 milhões de litros. O sistema é todo interligado.
A água sai de cinco fontes: reservatórios Iraí, Piraquara I e II, Passaúna, Rio Miringuava e Aquífero Karst
Reprodução/RPC
Com o rodízio, são os canos dessas caixas d’água que são fechados ou abertos todos os dias. A distribuição de água não é por bairro, mas sim pela localização das caixas.
Segundo a companhia, muitas vezes, dependendo do posicionamento das caixas, a água pode retornar rapidamente para as casas ou então demorar mais.
O controle do rodízio é feito no Centro de Controle Operacional da Sanepar. O sistema é controlado pelo computador e basta um clique para interromper ou religar a água em determinada região.
A rede de abastecimento tem mais de 17 mil quilômetros de encanamento. Em alguns locais, a válvula é fechada no modo antigo: com as mãos.
José Ricieri trabalha há trinta anos na companhia de abastecimento e, neste período, ele está em uma função difícil: determinar quem terá ou não água.
“O que eu sinto é que infelizmente a gente deixa a população sem água, mas é uma situação que tem que ser feita”, relatou o agente técnico.
Controle do rodízio é feito no Centro de Controle Operacional da Sanepar
Reprodução/RPC
Esta medida é uma necessidade que avança com a estiagem e que pode ir ainda muito além.
“Eu não vejo o rodízio acabar antes de março até talvez julho do ano que vem. Claro que ele pode ser reduzido cada vez mais. Precisamos de muita água para recompor os mananciais”, disse Julio Gonchorosky, diretor-presidente da Sanepar.
Até o fim do rodízio, a alternativa é consumir a água com consciência para que o problema não se agrave ainda mais, conforme os especialistas.
“Vamos começar a aprender e ensinar os nossos filhos porque dá arrepio ver as nossas represas, dá vontade de chorar”, concluiu Helena.
Barragem da Represa do Iraí
RPC Curitiba
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By Fred Souza

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