Pesquisadores da UFPR estudam meteorito raro guardado durante 43 anos por família de Curitiba


Detrito rochoso pode ter mais 4,6 bilhões de anos, segundo os especialistas; família conta que só descobriu que poderia se tratar de um meteorito após assistir a uma reportagem na televisão. Meteoro encontrado em Curitiba pode ter respostas sobre o planeta Terra
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estudam um meteorito encontrado em 1977, em Curitiba. O material é considerado raro, e foi guardado por uma família por 43 anos.
O material pesa aproximadamente um quilo, tem mais ou menos 10 centímetros de altura e, segundo os geólogos, pode ter mais de 4,6 bilhões de anos, sendo mais antigo do que qualquer rocha formada no planeta Terra.
A família do aposentado Vanderlei Cândido Venceslau morava no bairro Novo Mundo, e encontrou o detrito rochoso. Venceslau conta que percebeu a movimentação no céu, quando a peça caiu.
“Eu estava na janela, mesmo, para passar o tempo. Eu ouvi o estrondo e vi o clarão também”, relembrou.
No outro dia, o filho dele, Wesley Venceslau, à época com nove anos, foi até a esquina do prédio onde moravam e encontrou o meteorito.
“O muro tinha quebrado. Eu fiquei no meio, ali, procurando, e achei a pedra. Ainda estava morna, no dia seguinte”, disse Wesley.
A família afirma que não tinha ideia de que se tratava de algo vindo do espaço, que havia percorrido milhões de anos até chegar ao bairro.
Pesquisadores da UFPR estudam meteorito raro guardado durante 43 anos por família de Curitiba
Reprodução/RPC
Segundo o aposentado, a família só percebeu que poderia se tratar de um meteorito, há algumas semanas, depois de ver uma reportagem no Fantástico, que tratava de um meteorito de quase 40 quilos que caiu em Pernambuco.
“Eu vi a reportagem e divulguei para a Universidade Federal do Paraná”, disse a pedagoga Quesia Venceslau Teramoto.
Meteorito raro foi guardado por família de Curitiba por 43 anos
Reprodução/RPC
Pesquisa
Os geólogos da UFPR informaram que, até então, não há informações definidas sobre de onde veio o detrito rochoso, que pode ser o fragmento de um planeta ou um pedaço de cometa, mas que há algumas hipóteses.
Segundo os cientistas, a maior parte dos detritos deste tipo são da região elíptica do sistema solar, localizada entre as orbitas de marte e júpter. Quando entram em contato com a atmosfera da terra, eles se partem, conforme os pesquisadores.
Eles afirmam ainda que muitos meteoritos caem no mar, e a minoria é encontrada na Terra.
“Existem professores já interessados na presença de água dentro da amostra. Existem professores de universidades internacionais interessadas em alguns isótopos incomuns, que a gente não detém tecnologia ainda”, disse o professor Fábio Braz Machado.
Um pedaço pequeno do material que a família encontrou em 1977, em Curitiba, foi doada para o setor de geologia da UFPR.
Detrito rochoso encontrado em Curitiba pode ter mais 4,6 bilhões de anos, segundo os especialistas
Reprodução/RPC
Em uma semana de estudos, os geólogos contam que fizeram descobertas importantes. Uma delas é que o meteorito é de um tipo raro, que ao entrar em contato com a atmosfera sofreu uma mudança no formato e ficou mais alongado.
Além disso, os cientistas identificaram que alguns minerais se fundiram, o que só é possível a uma velocidade de 108 mil quilômetros por hora no ambiente terrestre. Essa, segundo a equipe, deve ter sido a velocidade que a peça chegou na Terra.
Em 43 anos, o meteorito encontrado pela família perdeu cor mas, mesmo assim, está conservado. No microscópio, minerais que não existem no planeta Terra foram identificados.
A equipe de pesquisadores informou que deve continuar estudando a peça, que segundo eles, é o primeiro meteorito encontrado na capital paranaense e pode ser um dos mais antigos do Brasil.
De acordo com os cientistas, o meteorito será registrado na Sociedade Brasileira Internacional de Meteoritos e Ciência Planetária, e deve receber o nome de “meteorito de Curitiba”.
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By Fred Souza

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