MP-PR pede interrupção da obra para construção de linhas de transmissão de energia na Escarpa Devoniana


Órgão decidiu ainda interromper negociações com empresa responsável pela obra. Engie diz projeto tem o menor impacto ambiental possível. Ministério Público pede a interrupção das obras das linhas de transmissão de energia
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu a interrupção da obra de construção de linhas de transmissão de energia que devem passar pela chamada Escarpa Devoniana, na região dos Campos Gerais do Paraná. A área é protegida por leis de preservação ambiental.
O projeto é da empresa francesa Engie, que venceu uma licitação do governo federal em 2017. As linhas vão cruzar 27 municípios do Paraná, em uma extensão de cerca de mil quilômetros.
O MP-PR decidiu, ainda, interromper as negociações com a empresa responsável pela obra, solicitando que novos estudos sejam feitos.
A Engie afirmou que o projeto gera o menor impacto ambiental possível. A obra da multinacional promete estabilizar o fornecimento de energia e gerar 5 mil empregos.
A Engie tem licença ambiental emitida pelo Instituto Água e Terra (IAT). Apesar disso, um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apontou uma série de irregularidades no licenciamento.
A construção pode afetar pelo menos 30 comunidades tradicionais, entre indígenas e quilombolas, além de prejudicar o turismo, de acordo com o estudo.
Especialistas afirmam ainda que a obra pode derrubar 4 mil araucárias.
Segundo o diretor do Observatório de Justiça e Conservação, Giem Guimarães, a organização entrou com um pedido de liminar solicitando a cassação da licença para a obra.
“No nosso entendimento, as irregularidades são tantas que não é possível que esse processo avance da forma que está”, afirmou.
A Escarpa Devoniana é chamada assim por causa das rochas de sustentação, que possuem idade devoniana, 400 milhões de anos
Dennis Ferreira Netto/Sema
O que diz a empresa
Em entrevista ao Fantástico, o diretor de implantação da Engie, Márcio Daian Neves, disse que a empresa discutiu o traçado com órgãos ambientais por dois anos.
“Hoje, temos a segurança que o nosso traçado é o que gera o menor impacto ambiental possível. A nossa previsão de supressão é de apenas 4% da área diretamente afetada pelo projeto, que é um número bastante reduzido”, afirmou.
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By Fred Souza

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