Marco Aurélio diz a Bolsonaro que ele é ‘presidente de todos’ e deve buscar corrigir desigualdade social

Ministro fez discurso em nome do STF na cerimônia de posse de Luiz Fux como novo presidente do tribunal. Bolsonaro acompanhou ato no plenário do Supremo. Luiz Fux toma posse como presidente do Supremo Tribunal Federal
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), se dirigiu nesta quinta-feira (10) ao presidente Jair Bolsonaro e disse que o presidente da República governa para todos e deve corrigir as desigualdades “que tanto nos envergonham”.
Marco Aurélio deu a declaração no plenário do STF, ao fazer um discurso em nome do Supremo na cerimônia de posse do ministro Luiz Fux como novo presidente do tribunal. Bolsonaro acompanhou o ato no plenário do Supremo.
Ao se dirigir a Bolsonaro, Marco Aurélio disse:
“Vossa excelência foi eleito com 57 milhões de votos. Mas é presidente de todos os brasileiros. Continue na trajetória vivida, busque corrigir as desigualdades sociais que tanto nos envergonham, cuide especialmente dos menos afortunados, seja sempre feliz na cadeira de mandatário maior do país.”
Na sequência do discurso, sem mencionar uma autoridade especificamente, Marco Aurélio disse que “não há como apartar o Supremo dos seus integrantes”.
“A austeridade é marca pública desde os tempos do império. A envergadura do cargo impõe atuação discreta como bom senso”, afirmou.
Em outro trecho, o ministro do STF também disse que “todo comandante deve saber ouvir, sem deixar de ser a referência maior e, ao mesmo tempo, marinheiro como outro qualquer”.
“A divergência é inerente ao universo jurídico, aos fatos, às relações sociais. O diálogo entre pares dignifica e legitima o processo decisório”, declarou.
Marco Aurélio disse ainda que “fora da Carta da República não há solução, apenas arbítrio e autoritarismo”.
“Acredito no povo brasileiro, nas instituições. […] Deixemos de lado a apatia, o descrédito, a desesperança. Dias melhores não tardam”, disse.
“A sociedade almeja e exige a correção de rumos, mas esta há de acontecer sem atropelos. Não se avança culturalmente fechando a Constituição Federal, sob pena de vingar a lei do mais forte. A prevalecerem pinceladas […], para não falar em traulitadas de toda ordem, aonde vamos parar? Não se sabe. O horizonte é sombrio. Sou otimista, avança-se observado o ordenamento jurídico, sem improvisações, sem tergiversações. Eis o preço a ser pago por viver em um estado democrático de direito.”
Participação em atos
Neste ano, Bolsonaro participou de manifestações em Brasília que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, pautas antidemocráticas e inconstitucionais.
Bolsonaro também discursou em uma manifestação que pedia intervenção militar.
Em pronunciamento do Dia da Independência, na última segunda (7), o presidente disse ter compromisso com a Constituição, com a democracia e com a liberdade.

By Fred Souza

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