Juros futuros fecham em leve alta após semana de estresse com riscos fiscais

Recuo dos juros dos títulos do Tesouro americano contribuiu para deixar as taxas perto da estabilidade. Depois de passarem boa parte do dia em queda, os juros futuros encerraram os negócios desta sexta-feira (14) em leve alta, após uma semana de abertura bastante expressiva da curva a termo.
O recuo dos juros dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) contribuiu para deixar as taxas perto da estabilidade, assim como o post do presidente Jair Bolsonaro ainda durante a manhã, após ele reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal e com o teto de gastos.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subia de 1,89% no ajuste anterior para 1,91%; a do DI para janeiro de 2022 se mantinha inalterada em 2,81%; a do contrato para janeiro de 2023 avançava de 4,00% para 4,01%; a do DI para janeiro de 2025 passava de 5,82% para 5,83%; e a do contrato para janeiro de 2027 ia de 6,85% para 6,86%.
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Depois de abrirem em forte alta, as taxas futuras se acomodaram e passaram a exibir um comportamento bastante volátil hoje. Profissionais do mercado destacam que o momento continua a ser de apreensão com a questão fiscal, mas notam que, em uma semana, os juros “explodiram”, principalmente na ponta longa da curva a termo.
De sexta-feira passada para cá, a taxa do DI para janeiro de 2025 subiu 43 pontos-base e a do DI para janeiro de 2027 saltou 50 pontos-base.
A tensão em relação às contas públicas se acentuou desde que aliados próximos de Bolsonaro deram destaque à ideia de ampliar os gastos com infraestrutura. Ontem, o presidente admitiu a existência de uma discussão no governo sobre romper o teto de gastos, embora tenha salientado que a ideia não foi levada adiante.
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“Ideia de furar o teto existe e o pessoal debate. Qual o problema?”, questionou. Durante a manhã, Bolsonaro fez uma postagem em seu perfil no Facebook, onde buscou esclarecer possíveis dúvidas sobre seus comentários e reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade fiscal.
Os estrategistas da Tullett Prebon Brasil acreditam que, apesar dos comentários de ontem de Bolsonaro, “não houve piora na margem” em relação ao fiscal. Para eles, contudo, a situação só deve melhorar nos mercados com medidas efetivas.
Além disso, “é interessante a notícia do Valor de transferência de R$ 400 bilhões para o Tesouro, já que daria maior liberdade na gestão da dívida e aliviaria prêmios que estão altos hoje”, afirma a Tullett.
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O novo post de Bolsonaro, assim, ajudou a acalmar os ânimos no mercado de juros, mas não atuou sozinho. No exterior, a alta de apenas 1,2% nas vendas do varejo nos Estados Unidos na passagem de junho para julho voltou a colocar pressão nos rendimentos dos Treasuries, o que se espalhou para os DIs.
Por aqui, também o IBC-Br veio levemente abaixo do projetado pelo mercado, ao avançar 4,89% entre maio e junho, pouco abaixo da projeção de alta de 5,2% do consenso do mercado.
Diversas instituições financeiras e consultorias revisaram para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Foram os casos do Barclays (de -5,7% para -5,0%), do Goldman Sachs (de -7,5% para -5,0%), da MCM Consultores (de -7,0% para -5,4%) e da Oxford Economics (de -6,2% para -5,4%).

By Fred Souza

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