Heleno diz que críticas de ‘nações estrangeiras’ sobre Amazônia visam ‘derrubar’ Bolsonaro

Declaração foi dada na véspera do discurso do presidente na assembleia-geral da ONU. Ministro não citou nenhum país especificamente. O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), disse nesta segunda-feira (21) que as críticas de “nações estrangeiras” sobre o desmatamento na Amazônia visam “prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”. Heleno não citou nenhum país especificamente.
O ministro deu a declaração durante uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que analisa ação de quatro partidos sobre atraso do governo para aplicar recursos do Fundo do Clima.
“Não podemos admitir e incentivar que nações, entidades e personalidades estrangeiras, sem passado que lhes dê autoridade moral para nos criticar, tenham sucesso no seu objetivo principal, obviamente oculto, mas evidente para os não inocentes, que é prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”, disse o ministro.
Segundo Heleno, brasileiros se aliam a estrangeiros, que “jamais pisaram na Amazônia e conhecem a floresta por fotos”, para apresentarem ao mundo o Brasil como “vilão” do desmatamento e do aquecimento do planeta.
“Pior. Usam argumentos falsos, números fabricados e manipulados, e acusações infundadas para prejudicar o Brasil. É preciso deixar claro que a Amazônia brasileira nos pertence. E nos foi legada grandiosa e cobiçada graças ao heroísmo e obstinação de nossos antepassados”, afirmou Heleno.
De acordo com o ministro, esses atores externos aliados a brasileiros alardeiam publicamente que nada é feito pelo governo federal para combater os crimes ambientais.
“Esse é um dos pontos focais desse problema”, declarou o ministro logo depois de enumerar ações do governo federal no combate às queimadas e desmatamento.
Augusto Heleno diz que esses “alguns poucos brasileiros”, sem citar nomes, se aliam às propostas de deslustrar o Brasil porque até hoje não admitiram uma alternância de poder.
“Se sentem cada vez mais distantes da possibilidade de voltar ao comando do país e retornar à catastrófica obra que conduziram por três décadas, não conseguem omitir seus pensamentos obtusos”, disse o ministro.
Ação no STF
Quatro partidos políticos – Rede, PSOL, PSB e PT – entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal devido à pausa do Fundo do Clima. O relator é o ministro Luís Roberto Barroso.
O Fundo Clima foi criado em 2009 e apoia projetos para reduzir a emissão de gases que causam efeito estufa e para adaptação do país para os efeitos do aquecimento do planeta, como a falta de água em regiões do semiárido.
Os partidos apontam na ação que o governo federal se omitiu de adotar providências para o funcionamento do Fundo Clima, que teria sido indevidamente paralisado em 2019 e 2020, bem como diversas outras ações e omissões na área ambiental que estariam levando a uma situação de retrocesso e de desproteção em matéria ambiental.
O ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, disse que a verba do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, ou apensa Fundo Clima — parado desde maio de 2019 — atrasou porque o governo federal aguardava a aprovação do novo marco do saneamento. Salles afirmou que o saneamento básico, ao lado dos resíduos sólidos, são temas prioritários para pasta no combate às mudanças do clima.
“O envio dos recursos ao BNDES e esse novo entendimento de como aplica-lo, os R$ 580 milhões, dizem respeito muito mais à necessidade de alinhar essa pauta de agenda de qualidade ambiental urbana, saneamento e resíduos – que tem sim muita relevância na questão de emissões e que tornou-se prioridade diante desse caos do saneamento e lixo que temos no Brasil”, afirmou Salles.

By Fred Souza

Veja Também