De aulas remotas a apresentações virtuais, artistas se reinventam na pandemia: ‘O 1º a ser impactado e o último a normalizar’, diz profissional


No Paraná, de acordo com o governo, 12.262 pessoas estão cadastradas no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura – o Sisprofice. Palco flutuante do ‘Vale da Música’ recebia artistas para shows de música ao vivo quase que todos os dias
Guilherme Nery (drone) e Letícia Futata/Assessoria
A pandemia do novo coronavírus tem sido um desafio sob diversas esferas em todo o mundo. Os artistas, assim como tantos outros profissionais, estão precisando se reinventar para sobreviver.
“É um segmento que foi o primeiro a ser impactado e será o último a normalizar”, afirmou Gabriella Camargo, que é diretora de marketing de um festival de música de Curitiba.
No Paraná, de acordo com o governo, 12.262 pessoas estão cadastradas no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura – o Sisprofice. Para muitas, aulas remotas e gravação de apresentações têm se concretizado como “o novo normal”.
Gabriella Camargo é gerente de marketing do festival ‘Vale da Música’
Raphael Savelkoul/Divulgação
CORONAVÍRUS NO PARANÁ: Veja as principais notícias
DECRETOS: Veja o que pode abrir e o que deve fechar nas principais cidades
BEM AQUI: RPC tem plataforma com estabelecimentos e serviços que estão atendendo
Adaptação
André Silva é musicista. Desde março, quando começou a pandemia, ele passou a focar nas aulas de harmônica para conseguir pagar as contas.
“O movimento para me manter e atender as minhas despesas está voltado para as aulas”, disse.
André teve que se adaptar e transformar as aulas que, até então, eram exclusivamente presenciais em virtuais. Deu tão certo que a quantidade de alunos até aumentou.
“Precisei mudar o formato. Tinha um pouco de resistência [das aulas online]. Recebia solicitação do Brasil e até do exterior, mas não tinha esse movimento. Agora, estou com uma aluna de Rondônia”, contou.
Outro caminho que também tem aberto possibilidades para André é o projeto “#CrieEmCasa”– uma iniciativa do festival “Vale da Música”.
Editais do governo e da Prefeitura de Curitiba selecionam trabalhos de artistas durante a pandemia do novo coronavírus
André Silva passou a dar aulas de harmônica pela internet
Reprodução/Arquivo pessoal
‘#CrieEmcasa’
Até a pandemia começar, o festival tinha uma programação cultural permanente na Ópera de Arame, na capital paranaense. Em uma tentativa de amenizar a situação dos artistas, os organizadores do evento desenvolveram o “#CrieEmCasa”.
Para Gabriella Camargo, gerente de marketing do “Vale da Música” – que existe desde 2018 – mudou a forma de se passar os dias na cidade. O evento levava shows de música ao vivo entre terça-feira e domingo, das 10h às 18h, em um palco flutuante.
“Virou uma importante fonte de renda para o mercado de música instrumental. Mais de 600 músicos envolvidos no festival estão sem perspectiva de retorno”, afirmou Gabriella.
O “#CrieEmCasa” consiste na elaboração de um vídeo musical. Se aprovado pela curadoria, é publicado no Instagram do Parque das Pedreiras.
Cada músico recebe um cachê de R$ 100 pelo trabalho, sendo que o teto é de R$ 400. Ou seja, se mais de quatro integrantes participarem do vídeo, esse valor de R$ 400 é dividido entre eles.
Desde o início do projeto, mais de R$ 30 mil foram pagos em cachês.
Delivery de música, serenatas e aulas pela internet: veja como artistas estão se reinventando durante a quarentena no Paraná
Desde o início do projeto ‘#CrieEmCasa’, mais de R$ 30 mil foram pagos em cachês
Reprodução/Instagram
Até agora, de acordo com Gabriella, cerca de 350 vídeos foram postados na rede social – de três a cinco são publicados por dia. Ao todo, o projeto recebeu mais de 500 vídeos.
“Pensamos em como a gente poderia fazer uma atividade que oferecesse conteúdo de qualidade para as pessoas que estão dentro de casa e como poderia auxiliar os artistas que já participavam [do ‘Vale da Música’] e também abrir para outros instrumentistas”, explicou.
Segundo Gabriella, 20% dos músicos que participaram do “#CrieEmCasa” não faziam parte do festival permanente.
Gabriella vê a iniciativa como uma maneira de “colocar óleo na engrenagem” e não deixar os artistas ficarem no zero.
“Toda a cadeia produtiva da cultura está usando a palavra ‘ressignificar’ durante a pandemia. O que eu vejo que no que é possível adaptar, a galera está inovando com lives, com vaquinhas online, para promover a arte na internet”, disse.
Sem trabalho por causa da pandemia, ator cria marca para vender pão por delivery e discutir temática LGBTQ+
‘Friozinho na barriga’
André já participava do “Vale da Música” e agora está colaborando com o projeto remoto do festival. Cinco vídeos dele já foram divulgados pelo “#CrieEmCasa”.
André Silva (de camisa branca) já participava do festival ‘Vale da Música’
Arquivo pessoal
“Acho muito interessante. Para mim, tem um valor além da grana. Eu vejo esse projeto como um desafio, esse movimento de criar um arranjo musical. A gente tem que reproduzir temas com arranjos próprios. É muito valioso e muito rico nesse sentido”, afirmou.
Outro ponto positivo para André é o “friozinho na barriga” que a iniciativa acaba proporcionando.
“É como se estivesse fazendo um trabalho. Isso psicologicamente traz uma credibilidade muito legal”, relatou o artista.
Retomada da economia
No começo de agosto, a Prefeitura de Curitiba lançou um programa de retomada da economia, com um pacote de R$ 220 milhões – na forma de injeção de recursos e na postergação de recebimento de alguns valores competentes ao município.
A ideia é, de acordo com a Secretaria de Planejamento, que esses recursos circulem e movimentem a economia local.
Um dos pontos do programa é o apoio financeiro a artistas, com a destinação de R$ 3 milhões para o setor.
Festival ‘Vale da Música’ tem palco flutuante na Ópera de Arame, em Curitiba
Luiz Guilherme/Divulgação
Initial plugin text
Veja mais notícias do estado no G1 Paraná.

By Fred Souza

Veja Também