Dados de 2018 mostram que as oito maiores empresas de serviços do país perderam participação na receita operacional líquida do setor. Serviços de informação e comunicação perderam a liderança do setor para o segmento de transporte. Dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor de serviços sofreu alterações estruturais significativas nos últimos anos. Em dez anos, houve queda da concentração empresarial e inversão da participação dos serviços de informação e comunicação com os de transporte na receita operacional líquida do setor.
O levantamento traz dados de 2018, quando o setor ficou estagnado, com variação nula do volume de serviços prestados na comparação com o ano anterior. A estagnação ocorreu após dois anos seguidas de queda, em que o setor acumulou perda de 7,8%. De acordo com o IBGE, o desempenho é reflexo da conjuntura econômica e polícia do país.
“Embora o Sistema de Contas Nacionais tenha apresentado crescimento de 1,5% para o setor em 2018, o volume de serviços mensurados pela Pesquisa Anual de Serviços registrou 0% de crescimento no mesmo ano. Esses resultados sugerem que o contexto de instabilidade econômica e institucional iniciado em 2015 não foi totalmente superado pelas empresas do setor”, avaliou o IBGE.
Mudanças estruturais
Ao analisar o desempenho do setor de serviços na série histórica da pesquisa, iniciada em 2007, o IBGE observou mudanças estruturais significativas em dez anos. Entre as principais estão a desconcentração empresarial do setor e a inversão da participação na receita operacional líquida entre os serviços de informação e comunicação e os de transporte.
Para avaliar a concentração empresarial, o IBGE mesura a participação das oito maiores empresas de serviços do país em termos de receita operacional líquida. Em 2009, essa concentração era de 13,1%, ou seja, as oito maiores empresas respondiam por este percentual de toda a receita líquida do setor. Já em 2018, essa concentração ficou em 8,9% – queda de 4,2 pontos percentuais (p.p.) em uma década da concentração no mercado de serviços do país.
Segundo o IBGE, o segmento de serviços de informação e comunicação foi o que apresentou a maior redução a concentração, com queda de 9,1 p.p. no mesmo período.
“Apesar disto, [serviços de informação e comunicação] ainda representa o segmento mais concentrado dos serviços”, destacou o instituto.
Somente os serviços de manutenção e reparação e de outras atividades de serviços apresentaram aumento da concentração empresarial neste período – respectivamente de 0,3 p.p. e 5,8 p.p..
Ainda em relação à concentração de mercado, o IBGE destacou que “embora o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tenha registrado concentração de 14,9%, as atividades que o compõem registraram os maiores índices de toda a Pesquisa Anual de Serviços. Quatro das oito atividades possuíam concentração maior que 80% em 2018: transporte ferroviário e metroviário (81,1%), Correio e outras atividades de entrega (81,9%), Transporte Aéreo (95,3%) e transporte dutoviário (100%).
Mudanças na participação entre os segmentos
Outra mudança relevante da estrutura do setor de serviços no país se deu em relação à participação de cada um dos segmentos que o compõem na receita operacional líquida. Os serviços de informação e comunicação, que em 2009 ocupavam a 1ª posição, com a maior participação, caiu para a 3ª posição em 2018.
O primeiro lugar no ranking foi assumido pelo segmento de transportes, que antes ocupava a segunda posição. Também superou o segmento de informação e comunicação o de serviços profissionais , administrativos e complementares, que passou da 3ª para a 2ª posição.
Em relação ao número de pessoas ocupadas no setor, o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares permaneceu na primeira posição, respondendo pela maior participação na ocupação. Em dez anos, porém, o segmento de serviços prestados principalmente às famílias superou o de transportes, passando para a segunda posição no ranking.
As empresas prestadoras de serviços ocuparam um total de 12,6 milhões de pessoas em 2018. O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares respondeu por 40,2% desse contingente, enquanto o de serviços prestados principalmente às famílias representava 22,8% das ocupações no setor e o de transportes, por 19,6%.
O segmento de serviços de informação e comunicação responderam por 8,1% das ocupações, outras atividades de serviços por 3,9%, o de serviços de manutenção e reparação por 3,3% e o de atividades imobiliárias por 2,1%.
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