Bolsonaro avança em setores resistentes e recupera parte da força entre os que o apoiavam


Presidente diminui rejeição entre mulheres e os de renda menor e reverte parte da queda entre mais ricos e escolarizados. Pesquisa Datafolha mostra que Bolsonaro tem a melhor avaliação desde o início do mandato
A última pesquisa Datafolha mostra que o presidente Jair Bolsonaro conseguiu aumentar sua aprovação nos setores da sociedade que tinham mais resistência a ele. Desde a campanha eleitoral, as mulheres, os jovens, as pessoas de mais baixa renda e os moradores da região Nordeste apresentam maior resistência a Bolsonaro, cenário que sofre agora uma alteração. No Nordeste, por exemplo, reprovação dele caiu 17 pontos percentuais, passando de 52%, em junho, para 35%, em agosto. Hoje, o Sudeste passou a apresentar a maior rejeição (39%).
A melhora, que ocorre em meio à tragédia da pandemia do novo corononavírus, que já causou a morte de 105 mil pessoas no Brasil, está relacionada principalmente à concessão do auxílio emergencial – e também à moderação do discurso do presidente, o que garantiu a ele crescimento nos segmentos com maior escolaridade e de mais alta renda. O avanço, portanto, se deu em todos segmentos, mas o peso maior vem dos mais vulneráveis, afinal 52% da população têm até dois salários mínimos de renda familiar mensal. E esse é o público alvo do auxílio emergencial de R$ 600 (ou de R$ 1.200, no caso de mulheres que são chefes de família) – o Bolsa-Família paga, em média, menos de R$ 200.
Jair Bolsonaro em evento nesta quarta-feira, em SP
Reprodução/TV Globo
Bolsonaro avançou 13 pontos percentuais entre os moradores do Nordeste e entre os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos. Em dezembro de 2019, a aprovação nesses segmentos era, respectivamente, de 22% e 20%. Em agosto, subiu para 35% e 33%. De acordo com dados do IBGE, 58,9% das famílias do Nordeste recebem algum auxílio do governo criado na pandemia, num valor médio de R$ 950 – e o principal é o emergencial.
O Datafolha mostra que a ajuda chegou a 40% da população. Dos cinco pontos percentuais de melhora do presidente na aprovação geral, agora em 37%, três vêm de quem ganha até três salários mínimos.
Também houve melhora entre as mulheres e os jovens, grupos que ainda o rejeitam mais. A aprovação entre as mulheres passou de 26%, em dezembro, para 33% em agosto – 39% das mulheres desaprovam o governo Bolsonaro, dez pontos a mais que a reprovação entre os homens, que é de 29%. E entre os jovens a melhora foi de 21% para 26% – ainda 41% dos jovens o rejeitam, o maior número entre todas as faixas etárias.
Apoiadores
Bolsonaro também recuperou quase toda aprovação que havia perdido, no primeiro semestre, entre os mais ricos e os de maior escolaridade. Desde o fim do primeiro semestre, o presidente baixou o tom nas suas declarações, evitando confronto com outros poderes e a participação em manifestações antidemocráticas. A mudança ocorreu após a prisão de Fabrício Queiroz, em junho, e a instauração de investigações contra o próprio presidente e aliados no STF, a partir de maio.
Entre os que têm renda de mais de dez salários mínimos, a aprovação despencou 10 pontos entre dezembro e junho, chegando a 34%. Agora volta a ganhar força, chegando a 40%. A reprovação, que em junho chegou a 52% entre os mais ricos, cai agora para 47% – mas em dezembro estava em apenas 28%.
O presidente também recuperou força com os que têm maior escolaridade. Em dezembro, a aprovação no grupo era de 35%. Caiu para 29% em junho, e agora voltou para 34%. A desaprovação, que chegou a 53% em junho, também recuou. Ainda atinge 47% dos mais escolarizados, mas é menor que a de junho, que alcançou o pico de 53%.

By Fred Souza

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