Alberto Fernández quer deixar ‘desencontros’ com Bolsonaro para trás, diz embaixador

Daniel Scioli esteve no Planalto e entregou cartas credenciais a Bolsonaro. Presidente brasileiro defendeu reeleição de Macri e criticou vitória Fernández; reunião entre os dois é discutida. Alberto Fernández quer deixar ‘desencontros’ com Bolsonaro para trás, diz embaixador
O embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, informou nesta quarta-feira (19) ter dito ao presidente Jair Bolsonaro que o presidente argentino Alberto Fernández quer trabalhar com o governo brasileiro e deixar “desencontros” para trás.
Scioli deu as declarações em entrevista no Palácio do Planalto. O embaixador argentino entregou nesta quarta a chamada carta credencial a Bolsonaro (leia detalhes mais abaixo).
Durante as eleições argentinas, em 2019, Bolsonaro defendeu a reeleição de Maurício Macri e fez reiteradas críticas a Alberto Fernández. Disse, por exemplo, que o povo argentino “escolheu mal”; que os argentinos passariam a fugir para o Brasil; e que a Argentina seria “outra Venezuela” com Fernández no poder.
“Trouxe mensagem do presidente Alberto Fernández, da vontade trabalhar juntos com o presidente Bolsonaro e sua equipe, deixando para trás desencontros”, afirmou Scioli.
O ato de entrega da carta credencial é parte do protocolo padrão para que diplomatas estrangeiros atuem no Brasil. Na carta, o embaixador informa que foi indicado como representante oficial de outra nação.
Também entregaram as cartas a Bolsonaro nesta quarta-feira os embaixadores da Alemanha, Heiko Christofh Thoms, e da Armênia, Arman Akopian.
Ao receber essa credencial, por sua vez, o presidente da República indica àquele país o reconhecimento do representante enviado.
Conversa ‘franca’
Durante a entrevista no Palácio do Planalto, Daniel Scioli afirmou que a conversa com Bolsonaro foi “franca” e que as palavras de Bolsonaro foram “alentadoras”. Afirmou ainda que o presidente brasileiro leva a país vizinho “no coração”.
Ex-governador de Buenos Aires, Scioli concorreu a presidente em 2015 como candidato governista. Ele foi derrotado na ocasião por Mauricio Macri.
O embaixador informou também que os dois países trabalharão para que Bolsonaro e Fernández se encontrem até o final deste ano.
Os dois presidentes ensaiaram uma aproximação no início do ano e chegaram a discutir uma reunião bilateral em março, em Montevidéu, na posse do presidente uruguai Luis Lacalle Pou. O encontro não ocorreu.
Dívida da Argentina
Scioli também relatou que explicou a Bolsonaro o processo de regularização da dívida da Argentina. O país anunciou no último dia 8 que chegou a um acordo com três grupos credores para reestruturar US$ 65 bilhões em dívida soberana não paga.
O embaixador disse ainda que pediu uma “linha direta” com ministros do governo brasileiro para tratar de temas da agenda bilateral, como infraestrutura e a produção de vinhos.
Questionado se conversou com Bolsonaro sobre a pandemia do novo coronavírus, Scioli relatou que o tema foi tratado na reunião. Segundo ele, o desafio do momento é recuperar o volume do intercâmbio comercial.

By Fred Souza

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